ir[ama]ndade
“pros meus irmãos eu sou referência”
o djonga cantou essa no “o mundo é nosso”. e com tudo que anda acontecendo, esse verso ecoou na minha cabeça.
como se fosse a noite cê vê tudo preto. como se fosse um blackout cê vê tudo preto. são meus mano minhas mina meus irmão minhas irmãs.
mas será?
eu vejo tudo preto. onde eu olho eu vejo raça. não dá. o sistema escravagista fez isso. onde eu olho eu vejo tudo preto.
mas não é um tom único.
é uma paleta de cores. de vivências. que emergem. que gritam por socorro. mas mais que isso, a gente tá pedindo socorro entre a gente. djonga no novo álbum, na música livre, escreveu que “o crime é o crime eu sei, mas a gente tá fazendo o trabalho deles de graça” e essa é a realidade. enquanto a gente briga pra ver quem pode mais, quem é mais preto, mais a gente alimenta esse sistema que tem um alvo: a gente.
é uma loucura né?! tipo parditude. o que é isso? não somos todos e todas negras e negros? não viemos todos e todas de mãe-áfrica? a gente tá brigando e os branco tão comendo pipoca. a gente tá querendo criar problemas enquanto o sistema já deixa o discurso bem palpável: vocês não cabem aqui.
pele das 18h ou pele da 00h. pra bala da polícia somos todos e todas iguais. pra elite somos todos e todas iguais. e a gente tá aqui. brigando entre a gente, com qual objetivo? onde que a gente vai chegar?
eu não sei
parece que quanto mais emaranhada nas lutas, mais sozinha a gente fica.
irmãos e irmãs brigam. faz parte. a gente não precisa fazer o trabalho branco.